Nem as férias escolares, nem o verão 40 graus, impediram que estudantes parassem o centro da capital sergipana, na tarde da última quinta-feira, 13. Dezenas saíram ás ruas contra o aumento da passagem do transporte público de R$2,10 para R$2,45.

“Os deputados aumentaram seus salários em R$10 mil e para o salário mínimo aumento em R$30 e os empresários de ônibus querem aumentar a tarifa em 16%. Isso é um absurdo. O baixo aumento do salário mínimo será consumido pela tarifa do transporte e o que sobra é para alimentação, vestuário, educação e saúde. Não tem como sobreviver assim”, disse Tarciano Sousa, do grêmio do Instituto Federal de Sergipe (IFS).

O ato público teve inicio na Praça General Valadão. As ruas ficaram congestionadas, o transito paralisado durante toda à tarde. A grande parada foi no terminal de integração onde milhares de pessoas passam diariamente. Uma das vias de entrada ao terminal foi interditada pelos manifestantes. A polícia chegou com um forte esquadrão para impedir que os estudantes ocupassem o terminal. A via de acesso ao terminal ficou fechada por meia hora.

A população demonstrou apoio à manifestação e alguns falaram no carro de som, como o cabelereiro Thiago Bezerra. “A população precisa reagir. Todo inicio de ano é a mesma coisa. Em Salvador população está protestando. Anos atrás queimaram até ônibus. Precisamos fazer a mesma coisa aqui”, desabafou o trabalhador. Tiago também questionou o aumento dos salários dos parlamentares.

Depois do terminal de integração, a passeata seguiu pelas principais ruas do centro de Aracaju com palavras de ordem como “Ô Edivaldo, almofadinha, eu quero ver você andar no Tijuquinha”, questionando o prefeito Edivaldo Nogueira (PCdoB). “Mais uma vez, a prefeitura dos falsos comunistas cede à pressão dos empresários, pois estes foram financiadores de sua campanha eleitoral”, afirmou Romel Santos, da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL).

Municipalização já!
O PSTU esteve presente na manifestação e distribui panfleto à população assinado em conjunto com a ANEL, CSP-CONLUTAS, Sindipetro AL/SE, SINTES e SINDICAGESE exigindo o congelamento do preço da passagem e abrindo a discussão da necessidade da municipalização do transporte urbano;

“O transporte público é um serviço básico para a população. Ele não pode ficar nas mãos dos empresários milionários que só se preocupam com o lucro e não com a qualidade do serviço. O transporte coletivo deve ser assumido pela Prefeitura. Tirando o lucro do caminho, é possível oferecer um serviço de boa qualidade, melhores salários e condições de trabalho aos rodoviários. Assim como assegurar passe livre para os estudantes e desempregados”, disse Zeca Oliveira, militante do PSTU.

A luta continua
A próxima manifestação está marcada para terça-feira, 17. Os estudantes deram o recado: “se a passagem aumentar, a cidade vai parar”. “Esse primeiro ato foi muito importante, demonstrou à Prefeitura e aos empresários que a população não aceita esse reajuste imoral. Vamos buscar a unidade com outros setores que também são contrários ao reajuste e na terça-feira realizaremos uma manifestação maior ainda”, afirmou Zeca Oliveira.