Leia o Editorial do Opinião Socialista 505

Dilma (PT) vive uma crise sem tamanho. Sua fraqueza vem, em primeiro lugar, da ruptura massiva da classe trabalhadora e dos setores mais pobres com seu governo e com o PT. Esse fato é histórico e progressivo. A crise não está permitindo ao PT disfarçar sua preferência pelos capitalistas.

Dilma, Temer, Cunha, Renan, Aécio não são diferentes quando o assunto é jogar a conta da crise sobre os trabalhadores. Mas eles têm problemas para conduzir a crise política e econômica. Ela é tão profunda que a burguesia não consegue ver uma alternativa no horizonte. Para os patrões, o melhor seria que Dilma tivesse força para impor o ajuste fiscal, apoiando-se nas organizações e nos movimentos governistas que buscam impedir que os trabalhadores lutem.

Mas sua fraqueza é tanta que eles já pensam num plano B. Porém, as alternativas deles são uma aventura. Temer, Cunha e Renan (todos do PMDB), que estão na linha sucessória no caso de um impeachment, têm popularidade baixíssima, 11% segundo o Ibope. Caso assumam, podem ser derrubados em seguida. Uma eleição só para presidente não garante que Aécio Neves (PSDB) seja eleito. Mesmo que fosse, poderia nem terminar o mandato, uma vez que enfrentaria a fúria do povo ao aplicar o mesmo ajuste que Dilma.

O novo pacote de Dilma contra os trabalhadores não resolve o déficit fiscal. Com a recessão, a diminuição de receita do governo atingiu R$ 112 bilhões, fazendo com que os cortes obtidos na primeira fase do ajuste fossem insuficientes. Por isso, tem um rombo de R$ 30 bilhões no Orçamento.

Mas ninguém diz que 90% do tal déficit fiscal vem da dívida pública, que cresce com os aumentos dos juros. Só nos últimos 12 meses, a elevação dos juros causou um crescimento de R$ 452 bilhões da dívida. Para dar essa dinheirama aos banqueiros, eles querem impor maiores e mais duros ataques a você.

Mas a classe trabalhadora tem força para botar toda essa corja para correr e fazer com que sejam os ricos que paguem pela crise. É preciso suspender o pagamento da dívida aos banqueiros.

A contradição é que, apesar de os trabalhadores e os setores populares terem rompido com o governo e estarem lutando muito, a maioria dos sindicatos e dos movimentos sociais segue ligado ao governo ou à oposição burguesa. Assim, impedem uma ação unificada para derrotar o governo e a oposição do PSDB.

Por isso, foi tão importante a marcha do dia 18 de setembro e o Encontro Nacional de Lutadores e Lutadoras, realizado em São Paulo no dia seguinte. Aí está sendo criada uma frente de lutas contra o governo e a oposição burguesa, contra o ajuste fiscal e para colocar a crise na conta do patrão.

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