Protesto em Brasília no dia 24 de maio. Foto Romerito Pontes
Redação

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 541

Temer, depois de comprar o Congresso, com a ajuda das cúpulas das maiores centrais e também do PT, da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, que puxaram o tapete da greve geral de 30 de junho, ganhou uma sobrevida. Mas a crise continua. Esse governo e suas medidas só não vão para os ares de uma vez porque essas mesmas direções, apesar de desgastadas, ainda conseguem ser um obstáculo.

Do ponto de vista da economia, o país está estagnado. Não há investimentos, há queda de receita e pagamentos estratosféricos de juros da dívida, que têm sido cobertos com mais dívida. O país está tendo um rombo nas suas contas e um crescimento vertiginoso da dívida publica. A tal ponto que o próprio governo está temendo chegar na situação do Rio de Janeiro.

Para cobrir essa conta, o governo quer entregar de vez o país: privatizar a Eletrobrás e 14 aeroportos. Também faz um pacotão contra os servidores, propondo congelar salários e aumentar o desconto da Previdência. Fala em diminuir R$ 10 do salário mínimo em 2018 e ameaça tentar aprovar a reforma da Previdência. É claro que para comprar deputados e manter seu mandato ele não economiza.

Enquanto isso, a crise social só aumenta. Há fome. O desemprego atinge milhões. A violência cresce. Os salários são pressionados para baixo, e os direitos vão sendo cortados.

A crise política também não para. A indignação do povo é enorme. Lúcio Funaro, doleiro ligado a Eduardo Cunha, acabou de assinar acordo de delação premiada, prometendo nova denúncia contra Temer e seus amigos.

Praticamente quase toda superestrutura política, porém, está voltada para as eleições de 2018. As cúpulas das maiores centrais (exceto a CSP-Conlutas) estão negociando um substituto para o imposto sindical. Lula, em caravana pelo país, ora com Renan Calheiros, ora com outros políticos e burgueses, diz para o povo que ele resolve a crise, fazendo o que já fez antes, governando para os capitalistas.

Contudo a pressão e a indignação da base estão levando os sindicatos, à revelia da cúpula das centrais, empreendam um processo unificado de lutas para impedir a reforma trabalhista, que tem, no próximo dia 14 de setembro, um importante dia de luta e um calendário. Esse dia deve unir todos os trabalhadores organizados do setor industrial do país. Esse é um polo que pode permitir logo adiante a unificação com os demais setores dos trabalhadores – terceirizados, desempregados e setores populares – e recolocar para a ação a greve geral.

Esse movimento é fundamental para destravar o obstáculo à unificação das lutas. Nesse processo, é importante seguir na trilha da independência de classe, da busca por conformar comitês nas fábricas, escolas, periferia, levantar o “Fora Temer”, fora esse Congresso corrupto e suas reformas.

É fundamental também apresentar uma alternativa de independência de classe e defender uma saída operária e socialista para a crise. Esse é o caminho a trilhar para derrotar tudo isso que está aí.