Redação

Editrial do Opinião Socialista nº 530

Começamos 2017 com Trump e as mobilizações contra ele nos Estados Unidos. No Brasil, Temer e os governos estaduais e municipais, com apoio dos respectivos parlamentos, começaram o ano cortando salários de servidores, privatizando estatais e, agora, querem acabar com as aposentadorias e todos os direitos trabalhistas. Temer vai colocar para votar as reformas da Previdência e trabalhista e ameaça votar, também, o projeto que terceiriza tudo.

Junto com as reformas, o governo promove uma onda de privatizações. Estão à venda seis distribuidoras de energia do grupo Eletrobrás, a Lotex (sistema de loterias da Caixa Econômica Federal) e as concessões públicas de infraestrutura, como de aeroportos. As negociações de Temer com os estados com problemas financeiros também embutem a privatização de pelo menos nove empresas.

Existem divisões entre os de cima sobre que setor da burguesia perde com a crise. Existe crise política e baixíssima popularidade dos políticos. Porém há unidade para atacar os trabalhadores. Só com luta unificada podemos derrotá-los.

Lembremos dos governos de Syriza na Grécia ou do socialdemocrata Hollande, na França. Hollande atacou duríssimo os direitos trabalhistas, mesmo amargando 4% de popularidade.

Temer e os governadores vão tentar fazer a mesma coisa. Apesar de terem a popularidade no chão e uma crise monumental, não param de atacar, porque governam para banqueiros e grandes empresários imperialistas e nacionais, que exigem pauladas duras na classe trabalhadora e na maioria do povo para garantirem seus lucros.

Isso nos obriga a usar mais a força e a unidade na luta da classe operária, de todos os trabalhadores e dos setores populares.

A classe trabalhadora brasileira está lutando e resistindo bravamente. Quando fechávamos essa edição, os servidores do Rio de Janeiro (RJ) faziam um ato fortíssimo de massas, com o apoio da população e uma dura repressão por parte do governo. Há disposição e força para realizar uma luta massiva e unificada. Uma Greve Geral e grandes manifestações que balancem o governo, parem o país e impeçam os ataques. Mas as lutas, até agora, estão dispersas por culpa das direções.

Precisamos unir os setores mobilizados: funcionalismo dos estados, metalúrgicos, petroleiros e tantos outros setores operários; desempregados que começam a lutar, como em Cubatão, e a se organizar, como o “SOS Emprego” no Rio; asmilhares de lutas espontâneas em empresas e cidades – como a do Supermercado Atacadista Seta, no Capão Redondo, em São Paulo (SP). É preciso somar a indignação dos setores populares e dos mais oprimidos, como negros, mulheres, LGBT’s – os primeiros na fila do desemprego e da violência – que estão em pé de guerra; a juventude pobre e negra da periferia contra o genocídio e o encarceramento em massa de negros e pobres.

Falta, no entanto, que as direções que controlam a maioria das centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais se empenhem em fazer uma ação unificada para construir uma greve geral. Um passo positivo foi dado nesse sentido e aponta um calendário unificado. No entanto, precisa ser garantido e, para tal, precisamos mobilizar fortemente a base. Uma campanha forte contra o desemprego, as reformas e, também, pela exigência, desde baixo às direções, pela unificação das lutas e pela construção da Greve Geral. Discutir na base o conteúdo das reformas e dos ataques e a necessidade de unificar as lutas e construir a Greve Geral.

Vamos debater com toda a classe, na base das categorias, o desastre desse pacotaço, para que todo mundo esteja consciente, mobilizado e unificado. Vamos fazer comitês unificados por todo lado.

Junto com isso, é necessário debater nas lutas e na base um programa para dar uma saída dos trabalhadores para a crise, de modo que sejam os ricos a pagarem por ela e não os pobres.

A saída é suspender o pagamento da dívida aos banqueiros e proibir a remessa de lucros das multinacionais para fora do país; acabar com as isenções bilionárias de impostos às grandes empresas; prender e confiscar todos os bens de corruptos e corruptores; nacionalizar e estatizar todo o sistema financeiro e colocá-lo sob controle dos trabalhadores.

Não é justo que demitam em massa, diminuam e taxem salários, acabem com as aposentadorias e direitos para manter e aumentar o pagamento de juros a banqueiros, enviar bilhões de dólares de lucros das multinacionais para fora do país. Também não é justo que corruptos e corruptores paguem apenas uma multa e saiam em pouco tempo da cadeia para ficarem em prisão domiciliar nas suas mansões.

No curso dessa luta, podemos botar para fora Temer e todos eles! E também construir, pela base, uma alternativa dos trabalhadores e do povo pobre para governar o país. Construir comitês de luta entre os desempregados, nas fábricas e locais de trabalho, nos locais de moradia e nas escolas. Esse é o caminho para que os trabalhadores venham a governar desde baixo, em Conselhos Populares.