O presidente interino Michel Temer (PMDB) e o presidente da Fazenda, Henrique Meirelles
Redação

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 523

Quando fechávamos esta edição, aparecia, como uma ressaca pós-olímpica, a realidade que a distração dos jogos colocou um pouco de lado. As demissões não param, e os preços estão pela hora da morte. A medalha de ouro do desemprego ficou para o governo e os patrões.

Mas os donos de bancos, indústrias e comércio e os governos querem jogar ainda mais a crise sobre as nossas costas. O governo Temer promete anunciar medidas no mês de setembro para contemplar multinacionais e banqueiros internacionais e nacionais depois da votação final do impeachment de Dilma no Senado. E pretende aprová-las no Congresso logo após as eleições municipais.

Impeachment de Dilma
Também entra na reta final o julgamento de Dilma. O PT segue falando em golpe e defendendo a volta da presidente, embora saiba que não houve golpe e que o impeachment será irreversível. Dilma promete chamar um plebiscito para o povo decidir se prefere eleições. Mas ninguém acredita nisso. Afinal, por que não chamou eleições gerais antes, quando ainda podia?

A classe trabalhadora não quer saber de Dilma. É por isso que a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo não conseguem mobilizar nenhum setor pelo “volta Dilma”, mesmo quando tentam mascarar seu objetivo com um “Fora Temer”. A defesa do “volta Dilma” e contra o golpe é o que mais dificulta a mobilização da classe trabalhadora para derrubar esse governo, que é tão impopular quanto o de Dilma.

O impeachment troca seis por meia dúzia. Tanto que Dilma cogitou elogiar a política econômica da atual equipe de Temer (que seria a mesma dela se continuasse governando) para agradar senadores.

Nem Dilma, nem Temer nos representam. “Fora todos eles” é a única palavra de ordem que pode representar, hoje, uma alternativa dos trabalhadores independente do bloco Dilma e do bloco Temer.

Preparar a greve geral
As medidas que Temer, o Congresso e o grosso dos governadores (e também futuros prefeitos) preparam vão significar mais uma duríssima pancada nas condições de vida e nos direitos da classe trabalhadora. Somadas às demissões, ao desemprego e à piora das condições de vida, vão inaugurar um novo patamar de exploração, deixando os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. E ainda farão uma nova rodada de entrega do país ao capital estrangeiro.

É urgente, portanto, unificar as lutas contra as demissões e em defesa dos direitos da classe trabalhadora. É preciso e possível construir uma greve geral no Brasil que derrote as reformas da Previdência e trabalhista, que barre o desemprego, imponha a redução da jornada de trabalho e impeça as privatizações.

É fundamental realizar uma ampla unidade de ação entre todas as centrais sindicais e movimentos sociais para construir uma mobilização unificada de verdade, que pare o Brasil numa greve geral.

Eleições municipais
A campanha para as eleições municipais começou. Elas acontecem numa conjuntura de crise burguesa e alto grau de rejeição a tudo que está aí.

Essas eleições são ainda mais antidemocráticas que as anteriores. Suas regras impedem o PSTU e outros partidos, como PSOL e PCB, de participem de debates na maioria das cidades, assim como garantem um tempo absolutamente desigual na TV e na rádio, o que só amplia a enorme desigualdade imposta pelo poder econômico na disputa.

Mesmo assim, o PSTU está lançando candidaturas para apresentar uma saída operária e socialista à crise para dizer que só vamos mudar para valer as cidades se mudarmos o país e o sistema. Essa mudança de verdade só podemos conquistar com a luta dos trabalhadores, e nossas candidaturas estarão ao serviço dessa luta.

Queremos uma cidade nas mãos dos trabalhadores e do povo pobre para que sejam os ricos a pagarem pela crise. Para que operários, negros e negras, mulheres trabalhadoras, juventude e todos os oprimidos tenham vez.

Vamos defender que os trabalhadores governem sim, em Conselhos Populares, e conquistem um governo socialista dos trabalhadores, que pare de dar dinheiro para banqueiros e corruptos através do roubo legalizado que é a dívida pública que o Estado paga aos bancos. Queremos o fim da Lei de Responsabilidade Fiscal e a criação de uma Lei de Responsabilidade Social que obrigue patrões e governos a pagarem a enorme dívida que têm com a classe trabalhadora e o povo pobre do nosso país.