Redação

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 531

Passado o recesso parlamentar e judiciário, em que o governo tentou sinalizar para a burguesia e para o imperialismo que caminhava rumo a uma estabilização política e econômica, é possível sentir um enorme descontentamento contra o governo, as reformas e contra tudo isso que está aí. Um clima que lembra um pouco os dias que antecederam os protestos de junho de 2013.

A tentativa dos governos de promover ataques e retirada de direitos, enquanto todos sabem que esse governo é formado por bandidos, causa indignação e repulsa. Temer e o Congresso Nacional querem acabar com a as aposentadorias, rebaixar salários e proteger corruptos. A indicação de Alexandre de Moraes para o STF, filiado ao PSDB e advogado do PCC, deixou evidente que o objetivo do governo é acabar com a Lava Jato e proteger PMDB, PSDB e todos seus amigos citados na delação da Odebrecht. Ao mesmo tempo, cria-se um novo ministério para dar foro privilegiado a Moreira Franco, homem forte de Temer, citado 34 vezes numa única delação da Odebrecht.

As últimas pesquisas atestam o crescimento da indignação contra o governo, cujo nível de popularidade caiu ainda mais. Quase a metade (49,8%) consideram o governo ruim ou péssimo. Só 10,3% o consideram ótimo ou bom.

Situação econômica e social
O desemprego aumentou, e o poder aquisitivo dos salários e da renda diminuiu. Um setor da pequena burguesia está arruinado. O comércio fechou quase 109 mil lojas no ano passado e, nos últimos dois anos, fechou mais de 360 mil vagas de empregos diretos. Centenas de milhares de trabalhadores, além de terem perdido o emprego, não receberam o dinheiro da rescisão. Servidores dos estados e municípios não receberam 13º salário e estão recebendo os salários parcelados e atrasados. Enquanto isso, o festival de corrupção, roubalheira e privilégios continua rolando solto.

Crise das polícias
As greves das PMs no Rio de Janeiro e no Espírito Santo evidenciaram a profundidade da crise. Parte do aparato de repressão saiu do controle dos estados. Soldados, com mulheres à frente, colocaram em xeque a hierarquia. As greves podem se alastrar. As PM’s são parte importante do aparato de repressão.

No Rio, além da luta da PM, há mobilizações radicalizadas contra a privatização da Cedae, estatal responsável por água e esgoto. A população apoia os trabalhadores e mais de 90% são contra a privatização. O “Fora Pezão” entrou na ordem do dia. E Pezão pode cair. É preciso ganhar as ruas com o “Fora Pezão” no Rio de Janeiro. É possível derrubá-lo pelas mãos do movimento de massas e colocar, também, o “Fora Temer” num patamar mais alto.

Há lutas e uma onda de indignação. Há, também, setores da pequena burguesia indignados. Grupos como Vem Pra Rua e MBL, ligados até ontem ao PSDB e a Bolsonaro, querem fazer uma manobra, chamando esses setores a saírem às ruas para apoiar as reformas, além de suspostamente se colocarem a favor da Lava Jato.

Ora, como apoiar a Lava Jato e apoiar Temer e o PSDB ao mesmo tempo? É claro que ninguém deve ir nisso aí. Eles querem, na verdade, apoiar esse governo ladrão e detonar nossos direitos. Por isso, a CSP-Conlutas está chamando todo mundo a protestar nos dias 8 e 15 de março e dizer bem alto: Fora Temer e todos eles! Os atos do dia 8 de março podem surpreender e canalizar essa indignação. A Greve de Mulheres, convocada mundialmente, junta-se a esse clima que pode detonar grandes mobilizações.

Esse descontentamento generalizado precisa ser canalizado para uma greve geral que só não aconteceu ainda porque centrais sindicais como CUT e Força Sindical não querem convocar.

Infelizmente, por um lado, temos PT e PCdoB por baixo dos panos, dando apoio a Temer, PSDB, PMDB e DEM na operação salva-corrupto. Por outro, essas centrais sindicais também estão negociando as reformas. Os trabalhadores e os sindicatos de base não devem autorizar que ninguém negocie retirada de direitos em nosso nome. Os sindicatos de metalúrgicos filiados à Força Sindical estão repudiando as declarações de Paulinho e chamam a luta contra a reforma.

Vamos construir uma forte mobilização nos dias 8 e 15. Vamos às ruas exigir que as centrais parem todos os setores e que a CUT e a Força Sindical convoquem uma greve geral.

Forme um comitê no seu local de trabalho, no seu bairro, na sua escola para organizar esses dias de luta, para exigir que seu sindicato chame assembleia e organize paralisações no dia 15, para lutar contra o desemprego e defender a greve geral contra as reformas do governo, pelo “Fora Temer e todos os corruptos”!

Precisamos de um verdadeiro governo socialista dos trabalhadores que, ao contrário do PT, não governe com corruptos e banqueiros. Um governo dos trabalhadores, que organize os de baixo e governe por Conselhos Populares.