Carla Cobalchini, presidente do Sinditest-PR, e Zé Carlos, diretor do Sinditest-PR, divulgam carta

Atravessamos um importante momento no país. Depois de dez anos em que o maior partido operário da América Latina e talvez do mundo, o PT, aplica no Brasil uma política aberta de colaboração de classes com a burguesia, muitos acreditam que esse é o limite da política, que o pragmatismo é o único caminho, afinal, não é mais possível se pensar na revolução socialista.

Mas a luta de nossa classe é maior do que o imediatismo que nos apresentam como horizonte. As tarefas de libertação do proletariado são maiores do que as limitações de suas direções traidoras.

Nos últimos anos, iniciamos uma militância em conjunto com valorosos camaradas do Sindicato dos Técnicos Administrativos da UFPR (Sinditest-PR). Nesta convivência cotidiana, cerrarmos fileiras na luta contra os desmandos do governo do PT, aplicando na prática, outra concepção de sindicalismo, combativo, classista, de luta e socialista.

Pela primeira vez, organizamos uma intervenção no trabalho entre as mulheres trabalhadoras da categoria na luta contra a exploração e a opressão.

Atuamos em unidade na construção do Movimento Mulheres em Luta (MML) em Curitiba e ampliamos o debate sobre a necessidade de reorganização política.

É com muito orgulho que recebemos no PSTU a camarada Carla Cobalchini, presidente do Sinditest-PR, militante socialista e feminista, e o camarada Zé Carlos, diretor do Sinditest-PR.

Teremos pela frente uma longa caminhada na continuidade da construção do socialismo e da revolução.

No próximo dia 2 de maio, quinta-feira, faremos em Curitiba um debate sobre os dez anos do governo do PT, com a presença do presidente nacional do PSTU, Zé Maria de Almeida, nesta ocasião, além desse debate política fundamental para os rumos da esquerda socialista, teremos uma solenidade de filiação desses valorosos camaradas em nosso partido.

Convidamos a todos os lutadores para se fazerem presentes, prestigiarem esse importante momento da reorganização política no Paraná e conhecerem o PSTU – um partido das lutas e do socialismo!

Abaixo, leia a carta de desfiliação do PSOL escrita pelos companheiros.

Carta de Desfiliação do PSOL

“…a unidade é transitória e relativa;
e a luta permanente e absoluta".

Lênin

Comp@s,

A Fundação do PSOL foi resultado de um processo de ruptura de parte da esquerda com o PT ainda em 2003. À época, as principais críticas feitas ao PT se referiam ao abandono do horizonte socialista e revolucionário, expresso na política do Governo de Conciliação de Classes de Lula e na burocratização partidária, acompanhada de um funcionamento interno autoritário e anti-democrático. O ato determinante para o lançamento de uma “alternativa” partidária se deu com a expulsão de figuras públicas da esquerda do PT, como a ex-senadora Heloisa Helena.

A proposta então, era de construção de um “guarda-chuva” para a esquerda socialista brasileira que também viesse a romper com o Governo Lula. Existia um sentimento muito forte de que o novo partido não reproduzisse a trajetória petista de degeneração política.

Quase dez anos se passaram e, mesmo que por algumas vezes estes partido tenha ocupado espaços privilegiados na vanguarda da classe trabalhadora, o PSOL foi incapaz de constituir um partido de trabalhadores, revolucionário e comprometido com o socialismo. Em síntese, o PSOL não é mais do que um instrumento para a disputa eleitoral e a atuação parlamentar, caminhando de forma muito segura para um pragmatismo eleitoral.

O aparecimento contínuo de práticas corruptas, reformistas e eleitoreiras deixou de ser a exceção para se tornar a regra. O financiamento privado de campanha (GERDAU), as alianças espúrias com a direita (Macapá), a incoerência política na reivindicação do apoio do PT e de LULA (Edmilson-Pará), a recusa da defesa das bandeiras programáticas do partido por parte da sua principal figura pública e candidata (Heloisa Helena e a defesa contra a legalização do aborto); são exemplos da prática reformista deste Partido.

É claro que sabemos que as organizações dos trabalhadores também podem errar, mas o que vimos no PSOL, tanto nas instâncias partidárias, quanto internamente nas correntes, foi a incapacidade de frear os desvios reformistas e de impedir a reprodução destes “abusos” que ferem o programa do Partido e a sua militância. Infelizmente, a deslealdade e a incoerência entre o discurso e a prática também foram marcas do PSOL no Paraná.

E, por entender que o PSOL não responde mais aos desafios do nosso dia-a-dia militante, bem como não caminha sob o horizonte socialista e revolucionário é que comunicamos aos nossos comp@s de partido que nos desfiliamos do PSOL para buscar outra organização.

Esse novo caminho passa pelo ingresso no Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU. Um partido que já é companheiro de militância – especialmente no movimento sindical e de mulheres – que resgatou o classismo e que se manteve fiel aos princípios socialistas.

Acreditamos que ainda existam companheir@s valorosos dentro do PSOL e nos orgulhamos de ter dividido nossa militância com est@s. Porém, não é justo para com el@s, compartilhar um projeto no qual não acreditamos mais.

Ainda resta a certeza de que o desejo que move a consciência desses revolucionários nos colocará nas mesmas lutas.

Saudações Socialistas

Curitiba, 28 de abril de 2013

Carla Cobalchini
José Carlos de Assis