Marcos Valério, em depoimento no Congresso
Agência Brasil

As chantagens do publicitário Marcos Valério sobre o PT para tentar garantir sua liberdade e arrancar dinheiro em troca de seu silêncio parecem não estar funcionando. No dia 27 de julho, a CPI dos Correios aprovou, por 19 votos a 1, o pedido de prisão preventiva de Valério. Também será encaminhada à Procuradoria Geral da República o pedido de indisponibilidade de seus bens.

O motivo do pedido é a ameaça de destruição de provas, já que foram encontradas notas fiscais queimadas das empresas de Valério, que poderiam ser provas de lavagem de dinheiro para sustentar o esquema de corrupção do governo. Há duas semanas, a polícia apreendeu mais de 2 mil notas fiscais da DNA que estavam sendo destruídas no quintal do irmão do contador de Valério, Marco Túlio Prata.

Ensaio geral
Outro motivo é tentar evitar que o publicitário combine com os depoentes um mesmo discurso, como aparentemente vem acontecendo. Marcos Valério, Delúbio Soares, Silvio Pereira e a esposa do publicitário, Renilda de Souza, fizeram depoimentos ensaiados, apresentando a mesma versão para as denúncias. Ela consiste na tese de que tudo o que houve e que explicaria as movimentações financeiras suspeitas se resumiria a um crime eleitoral, ou seja, gastos eleitorais acima dos que foram declarados. Essa tese está sendo apresentada pelo PT para tentar desmontar as acusações de crime de corrupção, que consiste em desvio de dinheiro público.

Essas ações de combinar discursos e destruir provas atrapalham as investigações e são motivos suficientes para uma prisão preventiva. Mas, por enquanto, a prisão do publicitário ainda não é uma decisão. O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, deve analisar o pedido e poderá encaminhá-lo ao Judiciário dentro de 15 a 20 dias.

O problema é que a prisão preventiva de Marcos Valério para evitar a destruição de provas e a articulação da defesa está sendo reivindicada um pouco tarde. A essa altura, muitos depoimentos já ocorreram e provas já foram destruídas. Há documentos que simplesmente desapareceram de dentro da sala da CPI, como o fac-simile de um cheque que poderia provar a ligação com o presidente Lula.

Porém, a possível aprovação da prisão de Valério causa grande preocupação para o presidente Lula. Denúncias divulgadas pela revista Veja revelaram que o publicitário está chantageando o PT para não contar tudo o que sabe em troca de dinheiro e da garantia de sua liberdade. Marcos Valério teria dito ao deputado João Paulo Cunha por telefone no dia 9 de julho que não queria ficar “enjaulado” e para ele “avisar ao barbudo que tenho bala contra ele”.