A aprovação do PL 5069/13, que é um dos maiores retrocessos nos direitos reprodutivos das mulheres de nossa história, potencializou a insatisfação dos trabalhadores, mulheres, negros e os LGBT’s contra Eduardo Cunha (PMDB). A partir daí, pipocaram convocatórias de atos nas redes sociais.Nesse dia 28,os atos começaram a ganhar as ruas. Cerca de 2 mil pessoas tomaram a Praça da Cinelândia no Rio de Janeiro, para protestar. Nesta sexta, o ato será em São Paulo, às 18h, no vão do MASP.

Cunha se tornou símbolo dos maiores ataques aos interesses da classe trabalhadora nos últimos tempos. O parlamentar esteve à frente, junto com Dilma, da aprovação das MP’s 664 e 665, atacam o PIS e o Seguro Desemprego. Fez uma manobra no Congresso para reduzir a idade penal para 16 anos, aumentando a criminalização dos jovens negros das periferias. Foi o articulador do projeto que limita o conceito de família, desconsiderando os casais homoafetivos e quase a metade das famílias brasileiras (40% do total) que são “chefiadas” por mulheres e, na maioria das vezes, por mulheres negras.

Tornou-se a representação mais categórica do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, ao ver cair por terra o discurso moralista e religioso sustentado em valores em contas na Suíça, com 5 milhões de dólares supostamente advindos  de esquema de corrupção.

Pelo arquivamento do PL 5069/13
O PL 5069/13 é mais um capítulo dessa lista de projetos contrários à nossa classe, especialmente às mulheres. O projeto prevê nada menos do que a proibição da pílula do dia seguinte, exige o boletim de ocorrência para que o medicamento seja ministrado às mulheres vítimas de estupro, pune trabalhadores da saúde que orientam sobre o abortamento e dificulta o procedimento legal de aborto em vítimas de estupro. Ainda criminaliza todos os que defenderem a legalização do aborto como uma medida de saúde pública ou como um direito da mulher, por considerar tal ato uma incitação à violência.

Não podemos deixar que o PL 5069 seja aprovado e o exemplo da massiva mobilização do Rio de Janeiro, pedindo o “Fora Cunha” é um excelente começo.  Mas a luta não pode parar em Cunha, deve se dirigir a todos os que não respeitam os direitos das mulheres.Não é preciso ir muito longe para reconhecê-los, basta ver que o texto do próprio projeto informa que ele foi apresentado por 13 deputados filiados a partidos da base aliada do governo e da oposição de direita: PMDB, PV, PSB, PSDB, PDT, PSB, PP, PT e PSDB.

Encabeçando a lista está Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pelo PT, está o deputado Padre Ton (PT-TO) e representando o PSDB está o deputado João Campos (PSDB-GO). Como se vê, O PT e o PSDB não são só coniventes com esse ataque senão que estão entre os que o propõem. Acesse a lista completa dos deputados em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_autores?idProposicao=565882.

Fora Cunha! Basta de Dilma, Temer e Aécio!
Há um acordão entre PT, PMDB e PSDB contra as mulheres trabalhadoras, que condiciona a defesa ou não de seus direitos ao jogo dos interesses de cargos. É mais ou menos assim: o PT declarou que não vai votar pela cassação de Eduardo Cunha na Comissão de Ética. Cunha, por sua vez, retribuirá segurando o andamento dos pedidos de impeachment de Dilma. Ou seja, Dilma seguirá sendo conivente comCunha, desde que ele assegure que ela não perderá seu cargo.

O PSDB de Aécio, em palavras, diz que está a favor de que Cunha se desligue da presidência, mas em ação, está costurando a melhor forma de que ele fique para colocar o impeachment de Dilma em votação. Ou seja, não importa o que faça, se estiver a serviço de abrir as portas para que o PSDB volte ao governo, Cunha fica.

 A conclusão é que Cunha protege Dilma, que protege Cunha, que é protegido por Aécio, que quer sangrar o governo Dilma que é conivente com Cunha, que é conivente com Aécio. E, nesse processo, um dos mais brutais ataques contra as mulheres ocorre no governo primeira mulher presidenta ajudado por seu partido e a oposição. E, como tudo na vida tem um preço, o de rasgar o programa histórico do PT sobre a questão das mulheres, tem sido uma moeda de troca de muito valor para manter Dilma em seu posto.  Enquanto isso, Cunha segue pendurado por um fio atado aos batalhões dirigentes do PT e PSDB.

A Luta contra o PL 5069 exige uma luta contra o governo e a oposição de direita. Para que o arquivamento do projeto seja vitorioso, para que se punam os estupros e não as mulheres, é preciso ecoar nas manifestações pelo Fora Cunha, o Basta Dilma, Temer e Aécio. Nenhum está interessado em defender as mulheres trabalhadoras.

LEIA MAIS
Manifestação no Rio reúne milhares de mulheres e exige: Fora Cunha e abaixo o PL 5069!