Pedro Henrique Ferreira, da Juventude do PSTU e da Secretaria Nacional LGBT

Hoje no Brasil, a cada 100 pessoas trans que entram na escola, apenas uma conclui a educação básica. Isso significa que essas outras 99 pessoas são expulsas de forma não declarada. São expulsas quando não podem usar o banheiro, quando não tem i seu nome reconhecido, quando são espancadas e humilhadas no recreio; quando a opressão cotidiana chega a um ponto máximo que qualquer coisa é melhor do que estar ali.

A escola que deveria ser um dos intrumentos para o combate à LGBTfobia, ao racismo e ao machismo, perpetua a lógica opressora da sociedade.

Mesmo com toda essa realidade cotidiana, o Ministério da Educação tenta piorar o que já está péssimo. Foi anunciada nesse dia 5 de abril a nova proposta de Base Curricular Nacional, o documento que norteia os principais pontos que devem ser debatidos nas escolas públicas e privadas do Brasil. E dessa vez tentam nos caçar os poucos avanços que tínhamos conquistado na marra: retiram o combate à transfobia e à homofobia de todo o texto. Ou sejam, se isentam de combater o preconceito e a opressão cotidiana nos colégios. Para esse governo pouco importa a nossa realidade de expulsão cotidiana da escola e o massacre às LGBT’s que vivenciamos cotidianamente.

Temer e sua corja tentam aprofundar um debate destruidor para nos dividir. Querem que as LGBT’s sejam vistas como aberrações, pessoas pervertidas em quem não se pode confiar.  E essa mentira é criada no dia-a-dia para nos dividir, para não repetirmos o que fizemos no último período com as ocupações das escolas que sacudiu o país de norte a sul. Os de cima tremem quando os de baixo se organizam!

Muitas outras propostas desse governo atacam diretamente nosso direito à educação e ao futuro. Desde o ano passado tentam retirar em vários municípios o combate à violência machista e LGBTfóbica dos cúrriculos. Da mesma maneira, a refoma do Ensino Médio e o projeto Escola Sem Partido querem doutrinar a juventude para que não tenhamos pensamento crítico e nos formemos como mão de obra barata para o mercado de trabalho. Da mesma maneira, a reforma da Previdência e a reforma trabalhista atacam direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo dos anos.

As ocupações das escolas ensinaram muito aos estudantes e às estudantes que estiveram nessa luta! Mostraram o caminho que temos que trilhar; somente tomando o que é nosso nas nossas mãos podemos alcançar a nossa liberdade e os direitos que nenhum governo conseguiu garantir! E precisamos fazer isso não só tomando o controle da escola mas, lado a lado com os trabalhadores, organizando as nossas lutas e controlando toda a sociedade! A greve geral do dia 28 é o primeiro passo para isso.

É preciso dizer não aos ataques de Temer e sua corja aos direitos da juventude e dos trabalhadores! Garantir o debate sobre gênero e sexualidade nas escolas, lutar contra a aplicação da reforma do Ensino Médio e as reformas trabalhistas e, nesse percurso, construir uma nova sociedade que garanta de fato nossa sobrevivência e libertação!