Jovens e estudantes de Belém voltaram a ocupar a Câmara Municipal da cidade nesse dia 5 de agosto, reivindicando a redução das passagens de ônibus e que o passe-livre entre na pauta dos vereadores. Eles já haviam ocupado a Casa em julho, pouco antes do recesso, mas enfrentaram a intransigência da base de apoio do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) e foram duramente reprimidos pela Guarda Municipal (veja aqui cenas da repressão). Mas isso não foi capaz de arrefecer o ânimo da juventude de Belém. Quando a Câmara voltava a funcionar, os estudantes reunidos no movimento Belém Livre, voltaram a ocupar a Casa.

O Portal do PSTU conversou com o vereador Cleber Rabelo (PSTU), que apoia desde o início a ocupação e que apresentou um projeto estabelecendo o passe livre a estudantes e desempregados.

Como começou a ocupação da Câmara de Belém?
A ocupação teve início ontem (dia 5) quando a Câmara retornou do recesso. A juventude se mobilizou e veio exigir que a discussão do passe-livre entrasse com prioridade na pauta da Casa. Mas o presidente da Câmara, Paulo Queiroz (PSDB), suspendeu a sessão e chamou os vereadores para conversar. Fomos lá, mas, ao invés do projeto de passe livre, ele quis discutir só a segurança da Câmara, como fazer para que as pessoas não entrassem lá e só chamou uma reunião de líderes para esta quarta (dia 7). Os estudantes não aceitaram mais enrolação e decidiram dormir no local e ocupar a Câmara até lá. Aí então ele mandou trancar os portões, para que não entrasse mais ninguém. A situação agora então é essa: os estudantes estão isolados devido à intransigência de Paulo Queiroz. Ninguém mais pode entrar aqui.

Em julho houve repressão quando a juventude ocupou a Câmara, como está sendo agora?
Por enquanto, apesar da intransigência da presidência da Câmara, que mantém a entrada trancada, não houve repressão. Quando os estudantes entraram e ocuparam a galeria, chegaram a trancar a porta para mantê-los lá, o que os impedia até de irem ao banheiro. Mas eu e a vereadora Marinor (PSOL) intercedemos para exigir que a galeria fosse aberta.  Mas a entrada da Câmara continua fechada.

O que impede essa pauta ser posta em discussão agora?
Há um projeto de lei na pauta e dois vetos para serem votados. Pelo regimento, o veto tem prioridade, eles trancam a pauta de votações, mas a reunião dos líderes dos partidos pode resolver isso e colocar já em discussão a questão do passe livre. Não tem desculpa. Há quatro projetos protocolados na Câmara sobre isso, um deles é do nosso mandato.


Cleber Rabelo na ocupação da Câmara em julho

Como seu mandato vê a questão do passe livre?
O passe livre é uma necessidade urgente dos estudantes e desempregados. É mais que um direito ao transporte, é um direito à educação. Imagine um operário com 3 ou 4 filhos, conseguir arcar com os custos do transporte para mantê-los na escola! O que acontece é que hoje muitas crianças e adolescentes estão fora da escola por não conseguirem pagar a condução. Então, o passe livre é a garantia à educação dos filhos da classe trabalhadora. E isso tem que ser custeado pelos lucros das empresas.

As empresas operam hoje em Belém sem nem contratos de concessão, não existe qualquer tipo de fiscalização por parte da prefeitura. Os ônibus estão velhos, sucateados, já deveriam ter sido retirados de circulação há muito tempo. É normal o ônibus quebrar no meio do trajeto e quem fica na mão são os trabalhadores que, muitas vezes, perdem o dia de trabalho e são descontados no salário. Não tem nem um trabalho de higienização da frota. Ou seja, os empresários lucram muito sem dar atendimento digno ao povo. E a população, sobretudo a mais carente, fica cerceada em seu direito de ir e vir.

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