A falta de dragagem nos rios e de saneamento básico agravou efeitos do temporal

Na noite desta quarta (22) para quinta (23), a cidade foi atingida por uma intensa chuva, que deixou pelo menos um morto e um sem-número de desabrigados e desalojados. Segundo informações colhidas pela reportagem do PSTU São Gonçalo, um senhor de 70 anos foi encontrado sem vida em sua casa, aparentemente afogado. Além disso, relatos nos chegaram com inundações de ruas e transbordamento de rios por toda a cidade. Segundo a Defesa Civil municipal, todos os 15 rios da cidade transbordaram.

Um relato que nos chegou é que um morador do centro demorou 5 horas entre o bairro de Trindade e sua casa, no centro, um trajeto que normalmente demora 20 a 30 minutos. Algumas pessoas se protegeram da inundação subindo na laje das casas, e os desabrigados foram levados a escolas municipais, que, por sorte, estavam vazias devido ao feriado prolongado de semana santa. Em alguns bairros, a coleta de lixo foi suspensa na hora do temporal, o que pode ter agravado o caso, pois o lixo estava na rua à espera da coleta e ajudou a piorar a situação. Ainda na tarde desta quinta, algumas ruas da cidade estavam alagadas, e por toda a cidade, lixo e lama podiam ser vistos.

Além da nossa solidariedade, que não pode ser deixada de lado neste momento – as chuvas atingiram mais duramente bairros pobres, como Jardim Catarina e Palmeiras -, uma pergunta não quer calar: por que, apesar de diversas promessas, a prefeitura e o governo do Estado não fizeram a dragagem dos rios, como prometido diversas vezes nas recentes campanhas eleitorais? Além disso, menos de 20% dos domicílios da cidade contam com saneamento básico, em especial esgoto; esses rejeitos acabam indo para os rios, e retornam às ruas, entupindo ainda mais os bueiros e a rede de águas da chuva. Isso, sem contar com a coleta de lixo extremamente irregular e controlada por empresas privadas, que já tiveram seus contratos questionados no passado por irregularidades, o que paralisou várias vezes o recolhimento do lixo na cidade.

Cada um deles, o prefeito Mulim, o governador Pezão e a presidente Dilma, tem sua parcela de responsabilidade nessa tragédia. O prefeito, por manter a coleta de lixo nas mãos de empresários, que não buscam o melhor interesse da população e sim seus lucros; o governador, por não limpar os rios – a Serla, Superintendência de Rios e Lagoas, órgão responsável pelo manejo dos recursos hídricos do Estado, foi extinta, com suas atribuições repassadas ao Instituto Estadual do Meio-Ambiente (INEA), com consequente perda de recursos -, desviando recursos importantes de saneamento básico e controle ambiental para os megaeventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016; e a presidente, por não investir em construção de redes de esgoto e habitação popular – os recursos da caderneta de poupança e do FGTS, que são patrimônio da classe trabalhadora deste país, são desviados para o pagamento da dívida aos bancos e para cobrir o rombo das estatais, cobertas até o pescoço num mar de corrupção.

O PSTU São Gonçalo acredita que somente através da organização dos trabalhadores, tanto em suas lutas contra os patrões e os governos, quanto nos bairros, através das associações de moradores (construídas de forma independente) e por meio de demandas comuns aos moradores mais pobres da cidade, que será possível encontrar um outro caminho. Um caminho que passe pela defesa dos interesses da população trabalhadora e pobre da cidade. Mas nenhum destes governantes – Mulim, do PP, Pezão, do PMDB, ou Dilma, do PT, está do nosso lado. Cada um deles governa para banqueiros e empresários. É preciso dar um basta nisso e dizer que eles saiam!

Fora Todos! Eleições gerais já, sem a participação de partidos e candidatos envolvidos no mar de corrupção! Por um governo socialista dos trabalhadores, sem corruptos nem patrões, apoiado em conselhos populares!