Mobilização em 2013 contra o aumento das tarifas em São Paulo

Já chega a 11 o número de capitais que aumentaram a tarifa desde o mês de novembro

Um ano e meio depois dos protestos de junho de 2013, as tarifas de ônibus em várias capitais do país voltaram a ser reajustadas. Já chega a 11 o número de capitais que aumentaram o valor da passagem do transporte público desde o mês de novembro.
 
Nesta terça-feira, dia 6, em São Paulo, as tarifas de ônibus, metrô e trem sobem de R$ 3 para R$ 3,50, um reajuste de 16,6%.
 
Em outras grandes capitais, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, os trabalhadores já estão pagando tarifas mais caras. A onda de aumentos começou em novembro com altas em Curitiba e Campo Grande.
 
Em São José dos Campos e região, as empresas de ônibus também já começaram a pressão para que as prefeituras autorizem reajustes. Segundo a Avetep (Associação das Empresas de Transporte do Vale do Paraíba), a expectativa é de que até o final do mês de janeiro os aumentos sejam anunciados.
 
Transporte cada vez mais caro e ruim
Em junho de 2013, foi o reajuste das passagens o estopim das grandes manifestações que tomaram o país. Os trabalhadores e a juventude foram às ruas denunciar o serviço caro e de péssima qualidade oferecido pelas empresas de ônibus, que em geral se comportam como uma máfia.
 
Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT) anunciou que os estudantes teriam passe livre, mas na prática, a medida não é bem isso, pois nem todos terão o direito e haverá um limite de passagens, o que não abrangerá todas as viagens feitas pela maioria dos jovens.
 
Segundo Marcus Quintella, engenheiro especializado em transportes e professor dos MBAs da FGV (Fundação Getúlio Vargas), os reajustes dos últimos 20 anos superam a inflação do período em muitos casos. Ele cita como exemplo o Rio de Janeiro, onde a tarifa custava R$ 0,35 em julho de 1994, quando o plano Real entrou em vigor.
 
Levando em consideração a inflação acumulada desde então, a passagem na capital fluminense deveria estar em R$ 2,12, mas subiu de R$ 3 para R$ 3,40 no último sábado, dia 3, uma alta de 13,3%, mesmo tendo sido elevada há menos de um ano, em fevereiro de 2014.
 
O Ministério Público do Rio de Janeiro anunciou que entrará na Justiça com uma ação com pedido de liminar para anular o reajuste praticado no Rio, por ser inconstitucional.
 
O reajuste, que representa um aumento de 13,33% no valor da tarifa, é mais que o dobro da inflação acumulada no ano de 2014, segundo a prévia da inflação oficial do País.
 
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), fechou o ano passado com alta de 6,46%. Na região metropolitana do Rio de Janeiro, a prévia da inflação mostra aumento de preços de 7,42%.
 
O MP contesta a fórmula de cálculo adotada para o reajuste anunciado, que não leva em conta a metodologia acertada no contrato de concessão, que incluiria inflação e custos das empresas.
 
O aumento em vigor teria sido maior do que o devido, porque o decreto publicado na sexta-feira pela prefeitura do Rio repassa ao passageiro o custo das gratuidades e do investimento para a compra de veículos com ar condicionado.
 
#Vemprarua
O MPL (Movimento Passe Livre) marcou para a próxima sexta, dia 9, às 17h, o “1º Grande Ato Contra a Tarifa”, em São Paulo. A concentração do protesto acontecerá em frente ao Theatro Municipal, no centro da capital.
 
“A planilha de custos das empresas de ônibus seguem sendo uma caixa de pandora, que ninguém sabe exatamente quais são os gastos do setor, que segue lucrando às custas de um serviço caro e ruim à população. Tudo sob a conivência dos governos municipais, muitos com políticos eleitos com dinheiro de empresas de ônibus”, avalia o presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal Toninho Ferreira.
 
“Só com mobilização, é possível barrar esses aumentos abusivos e exigir transporte público e de qualidade. Acima de tudo, é preciso ter claro que é preciso lutar pela municipalização do transporte para que esse serviço esteja, de fato, a serviço do bem estar da população e não do lucro de um punhado de empresas”, afirma Toninho.