Essa semana a Arena Pernambuco volta a estampar a capa dos principais jornais em circulação em Pernambuco e no Brasil. O anúncio não era referente a nenhuma grande partida de futebol ou a uma grande vitória de algum dos times pernambucanos na série A e B. Diferente do que poderia ser uma orgulhosa vitória do nosso futebol estadual, o que estava estampada era a realização de uma apreensão da Polícia Federal que faz parte da investigação sobre suspeita de corrupção no vergonhoso caso de superfaturamento nas obras de construção do estádio.

Esse é segundo mandato de busca e apreensão autorizado pela Justiça Federal, o primeiro aconteceu no mês passado e foi realizado na casa do senador do PSB, Fernando Bezerra Coelho. Dessa vez, a investigação acontece no Comitê Gestor de Parcerias Público Privadas, responsável pela assinatura do contrato com a construtora Odebrecht, empresa que realizou as obras e que atualmente gerencia o estádio.

 Na época da assinatura do contrato, quem estava à frente de tal comitê era o atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara, como presidente do órgão, e o atual prefeito de Recife, Geraldo Júlio, então vice-presidente, ambos do PSB.

Estima-se um superfaturamento de R$ 42 milhões nas obras da Arena. Esse valor corrigido pela inflação chega atualmente a R$ 70 milhões. A construção do estádio, que tinha custo inicial de R$ 479 milhões, saltou para R$ 743 milhões.

Mas as irregularidades não param por aí: também estão confirmadas fraudes nas licitações, e suspeita-se de trafico de influência, formação de cartel e desvio de dinheiro público. As suspeitas indicam que esse esquema criminoso era realizado pelo PSB, dirigido na época pelo falecido Eduardo Campos, então governador de Pernambuco, e a direção da Odebrecht. A mesma empresa também está sendo investigada por corrupção na operação Lava Jato e o antigo governador já foi citado em algumas delações como um dos beneficiários no esquema das Petrobrás.

E quem está pagando essa conta?
Enquanto as empresas e o governo de Pernambuco fazem farra com o dinheiro público, a vida do trabalhador só faz piorar, e tudo que eles falam na hora que os trabalhadores reclamam e organizam greves e mobilizações, é que a situação continua assim por conta da crise econômica e que o dinheiro está em falta. Mas os que esses senhores esquecem de falar é que enquanto falta dinheiro no bolso dos pobres, sobra caridade e benefícios para os empresários e ricos.

Só esse ano o governo já fez o repasse de R$ 93 milhões para o dono da Odebrecht, para custear gastos com a manutenção da Arena Pernambuco. Ao final do contrato de 30 anos entre o governo e a empresa esse valor pode chegar a R$ 2 bilhões. Sem contar as isenções fiscais e renúncia de impostos que são concedidos para essa empresa todos os anos.  Uma verdadeira sangria nos cofres públicos!

Todo esse benefício é retribuído na hora da campanha eleitoral, basta ver as milionárias doações realizadas pela Odebrecht aos candidatos do PSB nas últimas eleições. Por isso não cansamos de repetir que, ao final das contas, quem paga a banda escolhe a música!

Não podemos ficar calados, não aceitemos nenhuma impunidade!
Os trabalhadores já estão cansados das inúmeras impunidades que os políticos corruptos e as empresas corruptoras conseguem na justiça.  Isso por que a justiça, diferente do que se fala, não é neutra. Ela serve para fazer vista grossa quando os ricos e poderosos cometem crimes, basta ver quantos Sarney´s, Maluf´s e Calheiros estão à solta desfrutando de seus privilégios e rindo da nossa cara. Mas é bastante dura quando, em um ato de desespero, um pobre rouba uma galinha. Sem dúvida para esse caso a impunidade não existe.

Não podemos aceitar que o caso da Arena Pernambuco acabe em uma grande pizza. É necessário que os movimentos sociais, as entidades sindicais, as organizações políticas e os trabalhadores exijam punição, caso seja comprovado a participação do governador de Pernambuco e do prefeito de Recife no esquema de corrupção e para as empresas corruptoras. 

Também exigimos investigação de todas as obras do estado com a Odebrecht, suspensão do contrato do estádio, sem indenização para a empresa, fim do repasse das verbas públicas e abertura das contas e que a Arena Pernambuco passe a ser administrada pelos órgãos públicos e sua utilidade seja essencialmente para realização de eventos culturais e esportivos com acesso garantido à população pobre.