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Governo anuncia suspensão da “reorganização” escolar, mas ainda não há nada concreto

Após estudantes secundaristas da rede pública estadual terem ocupado ao menos 200 escolas e uma semana de intensas manifestações, duramente reprimidas pela Polícia Militar, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou, em entrevista coletiva realizada às 13h desta sexta, 4, a suspensão de seu projeto de reorganização que previa o fechamento imediato de 93 escolas e o remanejamento de milhares de alunos.

Ao mesmo tempo em que foi divulgada a suspensão do projeto, também foi anunciada a demissão do Secretário de Educação do estado, Herman Voorwald.

O governo Alckmin acumulava grande desgaste diante da mobilização estudantil contra o projeto. Apesar da truculência e repressão policial, o movimento angariou amplo apoio da população, incluindo pais e mães dos alunos, que não cederam à pressão do governo e se juntaram aos estudantes contra o fechamento das escolas.

Vitória parcial
Apesar da estratégia do governo Alckmin de combater as ocupações e as manifestações numa verdadeira estratégia de “guerra”, como revelado no áudio vazado de uma reunião entre o secretário do governo e dirigentes de ensino, o movimento só crescia. Na última semana, os estudantes secundaristas passaram a ganhar as ruas, realizando protestos em diferentes pontos da capital e em várias cidades do estado.

A resposta do governo foi uma dura repressão, com a Tropa de Choque agredindo, disparando bombas e detendo estudantes que muitas vezes eram crianças e adolescentes. Os pequenos protestos dispersos, porém, foram crescendo. Na sexta, a Polícia Militar transformou o centro da capital numa verdadeira praça de guerra.

O anúncio da suspensão do projeto é uma vitória dos estudantes paulistas, que deram um belo exemplo de luta e organização. As escolas ocupadas passaram a ser geridas pelos próprios estudantes, que decidem tudo democraticamente em assembléias. As antigas escolas precarizadas do governo estadual, sob o comando dos estudantes, passaram a ser ricos espaços de discussões, arte e reflexão.

Manter as ocupações
Apesar de Alckmin ter anunciado que vai suspender a reorganização até o ano que vem, não há nenhuma garantia de que isso de fato ocorra, como a revogação do decreto publicado essa semana. A entrevista concedida por Alckmin deixa claro que o governo não desistiu de seu plano de fechar escolas como parte de seu ajuste fiscal na Educação, o mesmo que o governo Dilma vem aplicando no Governo Federal.

É fundamental manter as ocupações das escolas e as mobilizações, assim como todo o apoio e solidariedade aos estudantes secundaristas até que o projeto seja de fato revogado. Enquanto fechávamos esse texto, ocorria uma reunião do Comando das Escolas Ocupadas, que decidiria os rumos do movimento.

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