Alunos do EMESP protestam contra corte da Cultura

Governador de São Paulo corta verba da Cultura e enfrenta protestos

Logo após tomar posse para mais um mandato no governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) não demorou a mostrar a que veio. Eleito em primeiro turno com uma votação bastante expressiva e tendo como aliado a  maioria dos deputados estaduais, o governador anunciou, em 2 de janeiro, um corte de 10% em serviços que considera como sendo “não essenciais” à população.

Uma das primeiras áreas “não essenciais” para os tucanos é a cultura. A cultura tem sofrido duras perdas com os ataques deste governo, comprometendo serviços de grande importância para a população. O orçamento da cultura já era pequeno. Para se ter uma ideia, o valor gasto pelo governo com a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) é maior do que a verba destinada à Secretaria da Cultura. Com a diminuição dos repasses, essa quantia fica ainda menor.

O Museu de Imagem e Som (MIS), que no ano de 2014 realizou uma exposição de enorme sucesso, do Castelo Rá-Tim-Bum, com os cortes de 2015, demitiu 18 dos seus 130 funcionários, ou seja, aproximadamente 14% deles. Mais demissões foram realizadas em outras instituições de renome como a Pinacoteca do Estado e o Museu Afro Brasileiro.

A Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP) também demitiu professores de renome. Além disso, o número de vagas para alunos foi reduzido de 1500 para 1300. Dessa forma, 200 alunos não poderão se matricular.

Uma das orquestras mais antigas do Brasil, a Sinfônica de Ribeirão Preto (SP), poderá fechar suas portas. Trata-se de um patrimônio cultural de nosso país que não conseguirá se manter devido a drástica redução de recursos federais e estaduais.

Os cortes de Alckmin chegam até as periferias, comprometendo atividades como os saraus, que são de extrema importância para a construção da identidade dos jovens dessas regiões, além de serem muitas vezes as únicas atividades capazes de oferecer perspectivas que os afastem do tráfico e da criminalidade. As oficinas culturas realizadas em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, pararam de ocorrer devido aos cortes de verba.

Os trabalhadores pagam a conta
Acostumado a negar a realidade e suas responsabilidades, o governador  que nega a existência de uma crise hídrica, nega a greve dos professores, nega o racionamento de água, nega a falta de materiais escolares e nega a ineficiência de sua política de segurança pública, nega também sua culpa em relação aos cortes na cultura.

Ora, governador, e o dinheiro desviado do metrô para o cartel de empresas que financiam sua campanha? E os descontos de água para grandes empresas e condomínios de luxo? E os enormes gastos do orçamento estadual com publicidade do seu governo que, no ano de 2013, gastou mais do que educação e segurança juntos? E o dinheiro usado para comprar revista Veja, defensora de seu partido, para as escolas paulistas?

Novamente, os tucanos deixam claro que em seu governo, os trabalhadores é que irão pagar a conta. Enquanto isso, os grandes empresários que financiam as milionárias campanhas eleitorais do PSDB podem dormir tranquilos, pois terão seus gigantescos lucros garantidos por este governo. Assim, está mais do que provado que dinheiro não falta. A questão é que Alckmin prefere usar dinheiro público para beneficiar seus aliados ricos e poderosos, virando as costas para a maioria da população.

A realidade é que a moral tucana tem o cheiro do esgoto do rio Tietê. Aliás, durante os mais de 20 anos de governos do PSDB, bilhões foram gastos no projeto, de responsabilidade do governo estadual, de despoluição desse rio que atravessa a capital paulista, em crise de abastecimento hídrico, sem alcançar qualquer resultado.

Negligenciados por um governo acostumado a tratar com extrema violência professores e trabalhadores, artistas começam a reagir indignados.

Por meio de uma criativa manifestação contra os cortes na cultura, artistas fizeram deputados estaduais suspenderem sessão na Assembleia Legislativa (Veja o vídeo aqui).

Músicos da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto interromperam um concerto para mostrar o silêncio que pode reinar caso ela deixe de existir por falta de financiamento.

Estudantes da EMESP, apoiados pelo Grêmio Estudantil, estão se organizando para lutar contra o sucateamento da escola, que hoje é uma referência na educação musical.

Esses cortes e demissões estão dentro de um projeto de terceirização da cultura, onde o governo transfere a responsabilidade da gestão cultural para fundações e organizações sociais. O mesmo ocorre com projetos apoiados pelo ProAC, onde recursos públicos são repassados para a mão dos empresários.

Por isso, os artistas e trabalhadores devem ter como objetivo, não somente reverter os cortes e aumentar os repasses, mas juntar-se à luta contra a terceirização da cultura! Cultura é um direito e deve ser garantido com qualidade pelos governos. Num momento em que a classe trabalhadora se coloca em luta contra as terceirizações, é fundamental que a luta dos artistas se soma a luta da classe trabalhadora, exigindo que o financiamento da arte e da cultura seja feita diretamente por aqueles que as produzem.