Na última terça-feira, 8, o técnico de logística Rodrigo Miranda da Silva, 28 anos, casado e pai de uma filha de dois anos, não voltou para casa. Um gravíssimo acidente de trabalho tirou a vida de Rodrigo, que não resistiu aos ferimentos e faleceu em seguida. O fato abalou profundamente todos os trabalhadores da Scania e trouxe uma forte indignação quanto as condições de trabalho a que estão submetidos. Os trabalhadores, em solidariedade, pararam imediatamente o trabalho nos 2º e 3º turnos.
 
Sentimos profundamente pelo óbito do operário e nos solidarizamos com sua família e com todos os seus amigos e colegas, que também lamentam sua perda. Perder um irmão da classe trabalhadora, vitimado por precárias condições de trabalho, é algo muito doloroso para qualquer um. Agora, tem de ocorrer uma dura e minuciosa apuração das condições que levaram ao trágico fato para evitar ocorrências futuras.
 
O que aconteceu?
Uma pilha de caixas manobradas por empilhadeira caiu sobre Rodrigo, que chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O local onde ocorreu a tragédia é conhecido pelos trabalhadores como “quebra-pau”, onde é feito manuseamento de caixas. Só o apelido do local já diz muito.
 
Era recorrente a incidência de acidentes de trabalho no local, e o caso mostrou que faltavam procedimentos claros para garantir a segurança e integridade dos trabalhadores. A Scania é a única responsável pelo fato e deve responder integralmente por isso.
 
Condições de trabalho na montadora e na categoria são inaceitáveis
O Ferramenta de Luta, boletim de oposição à atua diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), já havia feito várias denúncias sobre a alta frequência de acidentes e de casos que quase se transformaram em acidentes, apontados, inclusive, pela fábrica, que colocam em risco a vida dos trabalhadores.
 
A preocupação da Scania é apenas em mais produzir para mais lucrar. A empresa não fez nada para melhor as condições de trabalho. Há notícias de que os operários já haviam feito várias reivindicações de melhorias, o que a Scania se negou a fazer. A representação dos trabalhadores não vinha pressionando devidamente a montadora. O sindicato, a representação e, principalmente, os trabalhadores devem cobrar rigorosa apuração dos fatos e amparo total e irrestrito aos familiares de Rodrigo.
 
Rodrigo é vítima da brutal exploração a que os trabalhadores são expostos todo o dia. Com o ritmo de trabalho imposto, não dá para trabalhar com segurança. O ritmo de trabalho, as metas de produção e as pressões das chefias levam a esses casos. Tem de se dar um basta nesta situação.
 
É hora de reagir: é preciso organizar novamente a luta na Scania em defesa de direitos e da vida. É preciso que a defesa das condições de trabalho seja prioridade. O sindicato tem de fazer forte campanha, a começar pela Scania, em defesa da vida e da integridade no trabalho e travar um duro combate contra as más condições de trabalho em toda a categoria, sem trégua aos patrões e à sua ganância por mais lucros.
 
Segundo o Ferramenta de Luta, o grupo está à disposição de “encampar uma dura batalha contra essa situação, em defesa da vida e da saúde de todos os trabalhadores. Que a morte do companheiro Rodrigo seja um marco nessa virada”.

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