Muitos já assistiram à campanha do TSE, muito bem feita e bem humorada, em defesa do voto. Nela se difunde a idéia de que “quatro anos é muito tempo” para se perder, passando a mensagem de que é importante acertar no voto. Caso não se acerte, “seus amigos, sua família e principalmente você” sofrerão as conseqüências durante quatro anos.

Num dos filmes da propaganda, uma pessoa sofre com uma abelha no ouvido por quatro anos. Outra tem um tique que a obriga a começar a dançar em situações embaraçosas, como ao apresentar um projeto no trabalho. Uma terceira anda em círculos por quatro anos.

Mais que uma defesa do voto ou uma crítica à venda do voto, a propaganda do TSE passa a idéia de que, “se os eleitores não se preocuparem”, os eleitos serão ruins e teremos que esperar outros quatro anos para votar novamente.

Na verdade, se defende a idéia de que todos os resultados ruins das eleições são culpa dos eleitores. As decepções com os candidatos que não cumprem o que prometem ou a corrupção generalizada são conseqüência de que os eleitores não votaram “certo”.

A democracia dos ricos é a responsável pela “deseducação” do povo
A campanha é apenas a última novidade na defesa de uma velha ideologia: a de que todo povo tem o governo e o congresso que merece. O regime político, a democracia burguesa, fica fora de todo questionamento. Todo o problema estaria na “falta de educação” do povo.

O problema é que esse regime é diretamente responsável pela “falta de educação” dos trabalhadores. A democracia dos ricos busca sempre deseducar e enganar os trabalhadores, para que os governos pró-capitalistas continuem para sempre.

Por exemplo, nesta campanha eleitoral, estamos vendo uma falsa polarização entre candidatos do governo e da oposição burguesa, como se fossem alternativas opostas em seu programa e sua prática. Na verdade, os programas de governo do PT e da oposição de direita são idênticos em seus aspectos essenciais. A prática corrupta de ambos os blocos está demonstrada nos governos FHC e Lula.

Mas, como os maiores partidos têm um tempo de TV muito maior que todos os outros, têm muito mais condições de convencer os eleitores de suas mentiras. É a democracia burguesa que garante essa “deseducação” massiva, esse plano consciente dos partidos do regime para manter sua dominação.

É também a democracia burguesa que permite a compra dos votos. As grandes empresas podem financiar amplamente campanhas riquíssimas dos partidos. Essa é uma forma indireta de comprar votos, já que possibilita uma brutal desigualdade entre os partidos. Além disso, as empresas, com seu poder econômico, podem comprar direta e explicitamente o voto de famílias e comunidades carentes e miseráveis.

A democracia dos ricos é também o regime da corrupção. Todos os envolvidos diretamente nos escândalos de corrupção seguem livres e impunes. Os processos são arrastados por anos na Justiça e, quando um banqueiro é preso e algemado, o mundo cai e logo o “coitadinho” é libertado. Mais ainda, muitos dos corruptos são agora novamente candidatos.

Como seriam os filmes se o TSE falasse a verdade?
Essa realidade não entra na campanha do TSE. Se entrasse, os filmes seriam outros.

Um deles, por exemplo, teria de mostrar que um trabalhador que vota num partido financiado pelas grandes empresas vai ter uma abelha no ouvido durante quatro anos.

Outro mostraria que um trabalhador que vota em algum dos partidos envolvidos nos escândalos de corrupção recentes vai andar em círculos por mais quatro anos.

Outro ainda mostraria que um trabalhador que cai no conto das promessas não realizadas do governo e da oposição burguesa vai “dançar” por mais quatro anos.

Não perca mais quatro anos! Vote no PSTU
Para não perder mais quatro anos, é preciso consciência política.
Consciência de que é preciso construir um outro campo, dos trabalhadores, diferente tanto do bloco governista como do da oposição de direita. Um campo de independência de classe em relação a todos os setores da burguesia.

Consciência de que é necessário votar em candidatos que expressem as lutas dos trabalhadores, lideranças operárias, bancárias, professores. E que, uma vez eleitos, não desapareçam do dia a dia das mobilizações e dos problemas dos que os elegeram.

Consciência de que é necessário fortalecer candidaturas socialistas às prefeituras deste país. Não podemos deixar mandar a tese do voto “útil” para votar nos candidatos governistas e “evitar a direita”. Até porque o responsável pela aplicação do programa da direita no país é o PT.

E, quanto mais votos tiverem as candidaturas socialistas, mas fortalecidas ficarão as lutas diretas dos trabalhadores.
Consciência de que é preciso eleger vereadores que sejam um apoio para as lutas dentro das instituições da burguesia como as Câmaras de Vereadores.

O PSTU participa destas eleições como parte de uma Frente de Esquerda com o PSOL, nas cidades em que esse partido esteve de acordo em não fazer nenhuma aliança com a burguesia. Nas outras capitais, o PSTU lançou candidaturas próprias para manter vivas essas bandeiras.

Não perca mais quatro anos! Participe das nossas campanhas e fortaleça suas próprias lutas!

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 351
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