Júlio Anselmo

A greve geral no dia 28 de abril mostrou a todos a força da classe trabalhadora. O fato mais impressionante foi a paralisação da produção nas fábricas, construções e estaleiros. Demonstrou-se na prática a centralidade da classe operária para a luta contra o capitalismo e seus governos.

A juventude é um setor em que se refletem todas as classes sociais. Mas grande parte da juventude brasileira trabalha. De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), cerca de 44% dos jovens entre 15 e 16 anos exercem alguma atividade remunerada. É na juventude também onde o desemprego é mais violento, cerca de 27% dos jovens de 14 a 24 anos não conseguem emprego. De acordo com MEC, OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos) e FLACSO (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), 32% dos jovens entre 15 e 29 anos conciliam estudo e trabalho. Ou seja, a juventude trabalhadora tem tudo a ver com a luta geral dos trabalhadores e sofre na pele as consequências da exploração.

Por sua vez, o movimento estudantil tem uma história de lutas imensas no nosso país e pode cumprir um papel importante na luta contra o capitalismo e pela revolução socialista. Mas só cumprirá este papel se estiver colado à luta dos trabalhadores e em estreita ligação com a classe operária.

As lutas estudantis são fundamentais, devem mobilizar cada vez setores mais amplos dos estudantes e com reivindicações cada vez mais nítidas. Mas essas lutas têm que ter uma estratégia adequada, não adianta se restringir a tentar melhorar a democracia burguesa ou o capitalismo. Tudo que é conquistado agora, logo adiante será retirado para atender as demandas dos ricos. Todas as nossas vitórias, por conta do domínio da burguesia, se tornam breves. Para o cumprimento de fato das reivindicações estudantis e da juventude, como ensino público gratuito e de qualidade, acesso decente ao mercado de trabalho com salários dignos, direito ao lazer e cultura, direito de ir e vir através da tarifa zero, o fim da retirada dos diretos como aposentadoria e trabalhistas, a luta contra o machismo, racismo e LGBTfobia, e tudo mais, é preciso arrancar o poder da burguesia e construir um poder operário e do povo pobre!

A centralidade da classe operária
É comum um setor dos ativistas, principalmente nas universidades, crer no fim da classe operária e na perda de seu papel central na luta por grandes transformações sociais.

A afirmação da perda da centralidade da classe operária ignora que o potencial revolucionário desta classe reside justamente no papel que esta cumpre no capitalismo e que não se alterou ao longo dos séculos. Ou seja, é uma classe que não tem a propriedade dos meios de produção e que ao mesmo tempo é responsável por produzir as riquezas da sociedade capitalista. Por isso é a única classe capaz de parar o capitalismo e pôr a burguesia de joelhos, mas mais que isso, é a única que pode construir uma sociedade sem classes!

Viralizou na internet um vídeo do marido da Ana Hickmann “revoltado” depois de perder milhares de reais por conta da greve. Fora os cálculos dos grandes jornais de milhões de reais que a burguesia deixou de ganhar com o país parado. O dia 28 mostrou que quando os operários e os trabalhadores cruzam os braços, a produção para e a burguesia tem prejuízos.

Viva a aliança operário-estudantil!
A juventude, estudantil e trabalhadora, precisa se aliar com a classe operária. A capacidade que a juventude tem de se inflamar, como ficou demonstrado nas ocupações de escolas, deve estar a serviço da luta contra os governos e o capitalismo. Se esta é nossa estratégia, temos que colocar nossas forças à disposição das lutas da classe operária, pois com esta aliança se pode não só derrotar os governos, como também derrubar o atual sistema de exploração e opressão, construindo uma nova sociedade sem classes.

Mas essa aliança tem um significado preciso. A juventude deve se colocar de corpo e alma a serviço da classe operária. A juventude não quer ensinar nada à classe operária, quer pelo contrário, aprender e ser a melhor combatente da causa do socialismo e da revolução. A juventude deve dizer à classe operária: Contem conosco como um valioso apoio, e não mediremos esforços para levar o seu programa de luta contra o capitalismo para as escolas, universidades e onde mais a juventude esteja!