Aline Costa, de Salvador (BA)

Em Porto Alegre, o dia 8 de março reuniu cerca de dez mil pessoas que saíram em marcha pelas ruas da capital gaúcha. O ato iniciou com uma assembleia realizada pelo Movimento Mulheres em Luta, em conjunto com o Movimento Quilombo Raça e Classe e as mulheres independentes que compuseram o 8M Brasil no Rio Grande do Sul. A atividade foi às 16h, na Esquina Democrática, no centro da cidade, antecedendo a marcha unificada marcada para as 17h e teve o objetivo de chamar a atenção das mulheres trabalhadoras que transitam no local nesse horário para as pautas levantadas para o ato: Greve Geral para derrubar a reforma da Previdência, nenhuma a menos, nem um direito a menos, nem Temer, nem Trump!

As reuniões realizadas com várias correntes e organizações políticas, na tentativa de construir uma atividade unificada, mais uma vez sofreu os processos antidemocráticos impostos pela Marcha Mundial de Mulheres e outros setores ligados ao PT e ao PCdoB. Numa atitude explícita de imposição de opiniões e exclusão dos que divergissem dos eixos políticos, tais correntes acabaram por criar uma infinidade de comissões que não repassavam informações sobre o ato para todos que se propuseram a participar das mesmas. Muita coisa já chegava nas reuniões “unificadas” com decisões fechadas em encontros anteriores, realizados sem avisar a todas as correntes, organizações e movimentos que se propuseram à tal “unidade”.

Embora houvesse eixos consensuais como “Contra a Reforma da Previdência e a violência à mulher/Nem Temer, Nem Trump!/ Nenhuma a menos!/ Nem um direito a menos!”, aquelas que argumentassem a necessidade premente de hierarquizar o chamado internacional de uma Greve Geral de mulheres, tão fortemente divulgado e realizado em cerca de 50 países em todo o mundo, foram excluídas do processo de construção do ato. Dessa forma, decidimos por sair em unidade na marcha, mas reunirmos com as mulheres que compuseram o 8M e realizarmos a assembleia junto a essas, antecedendo o ato unificado.

Ocorre que, por força da multidão que gritou em uníssono pela Greve Geral, e contra a reforma, fazendo inclusive com que organizações que defendem um “Volta Dilma”, tal qual o PCO e correntes do PT, bem como organizações que ainda pregam a política petista do “golpe”, ficassem bem atrás do ato, recuados pela correlação de forças.

A marcha, inicialmente proposta para sair da Esquina Democrática e ir até o Palácio Piratini, percurso curto para o número de pessoas que foi cada vez mais aumentando no decorrer da caminhada, teve que mudar seu trajeto. Caminhamos com o carro de som do CPERS, sindicato da educação, até o Largo Zumbi dos Palmares. O microfone esteve aberto para quem quisesse falar e muitas falaram.

O mar de gente, em sua maioria mulheres, é a demonstração mais concreta da luta e resistência das trabalhadoras, dos jovens, dos estudantes do povo negro, indígena e quilombola, das LGBT’s que estavam lá em peso e até das aposentadas e aposentados que se somaram a essa batalha contra qualquer governo que ataque nossos direitos. Gritaram “Fora Temer!”, “Fora Sartori!”, “Fora Marchezan!”. Fomos concisos: “Fora Todos! Nenhuma opinião contrária.

A mulherada estava na rua contra o machismo, a violência e as reformas da Previdência e Trabalhista numa onda gigantesca de força e de disposição para lutar. Os homens trabalhadores também estavam lá! Todas e todos mostrando que é preciso resistir, é preciso lutar e é possível vencer! Dia 15 de março será ainda maior!