Juventude do PSTU-Curitiba

No dia 4 de julho, em muitas empresas, se lembrou o dia do operador de telemarketing com lembrancinhas e presentinhos, mas será que temos algo a comemorar?

Hoje, cerca de 2 milhões de trabalhadores call centers sofrem com os baixos salários, pressão para atingir metas absurdas e com adoecimentos decorrentes do constante assédio moral exercido pelos supervisores e diretores. Além disso, todo mundo sabe que esse setor é um dos maiores símbolos da precarização do trabalho: a péssima estrutura das P.As (postos de atendimento), baixos salários (raramente ultrapassa o salário mínimo) e a selvageria nas regras para o trabalhador conseguir ganhar comissão são ingredientes de uma receita amarga.

Não por coincidência, a composição social dessa categoria é muito bem definida: majoritariamente composta pela juventude sem perspectiva de futuro e pelos setores mais oprimidos da classe trabalhadora: LGBT’s, mulheres (que muitas vezes são mães solo precocemente) e negras e negros.

Diante dessa crise econômica, os patrões aproveitam a situação para continuar atacando as nossas condições de vida (porque direitos já não temos!) e aumentar a superexploração. Um exemplo é a empresa BTCC, uma das gigantes desse setor – é a 10ª no ranking mundial de faturamento – com 3 mil trabalhadores só em Curitiba e mais duas filiais no Rio de janeiro (RJ) e Campo grande (MS). No começo deste ano propôs a substituição do vale-alimentação/refeição (que já não é um valor que realmente atende as necessidades de alimentação do trabalhador durante todo mês), por alimentação no local de trabalho. Ou seja, para economizar ainda mais com os “gastos” que tem com os trabalhadores, a empresa queria dar vale lanche para nós. Um completo absurdo já que o vale é usado como complemento do salário e todo mundo sabe que pão com margarina e presunto não sustenta ninguém!

Outros absurdos propostos eram: 0% de reajuste salarial, enquanto o lucro deles ficou na casa dos milhões em 2016, aumento na co-participação do trabalhador no plano de saúde (de 20% para 60% de desconto em folha), flexibilizar a jornada para trabalhar 12h diárias e dar 36 horas de descanso (isso mesmo, 12h atendendo ligações e sendo hostilizado pelos chefes!) e, não menos absurdo, dividir as férias de 30 dias em três vezes, inclusive para os trabalhadores acima de 50 anos de idade.

Outra empresa um pouco menor de Curitiba, a Softmarketing, vem expandindo seus negócios para alguns países, e tem inclusive contratado imigrantes latinos para atendimento. No entanto, também é uma campeã nos salários baixos, em desrespeitar os acordos trabalhistas e em proporcionar um ambiente de trabalho insalubre aos trabalhadores. No final de 2016, um rato morto foi encontro dentro de um bebedouro dentro das instalações da empresa. Isso sem falar que é quase impossível você conseguir ganhar 100% da sua comissão por produtividade, porque mesmo as faltas justificadas com atestado médico é um dos critérios para reduzir o valor da comissão.

Infelizmente, esse quadro que já é uma realidade em muitas empresas será generalizado agora com a aprovação da reforma trabalhista, que é a formalização do enterro da CLT. E assim como as cúpulas das grandes centrais fizeram de tudo para desmontar a greve geral do dia 30 de junho, as direções sindicais dos trabalhadores de telemarketing (em nosso caso o Sinttel) também estão mais interessadas em atender os interesses dos patrões do que mobilizar a classe para derrotar os ataques e garantir a não retirada de direitos básicos.

Por isso, nossas tarefas são muitas e temos de ser teimosos para lutar: contra o patrão que nos explora diretamente, para derrubar Temer e todo Congresso que estão legislando em favor dessas grandes empresas e multinacionais, pra passar por cima dessas velhas direções que não nos representam, temos que construir uma alternativa independente dessas cúpulas traidoras que fazem assembleias fantasmas só pra referendar acordões!

Por fim, mas não menos importante, temos de lutar contra esse sistema capitalista que gera toda essa injustiça social para nós que fazemos os serviços funcionarem e produzimos todas as riquezas desse país.

Enquanto uma meia dúzia de ricos parasitas controlam tudo e ferram mais e mais com nossas vidas, nós que somos a maioria temos de parar tudo, fazer greve geral, tirar o poder deles das empresas, das fábricas, dos bancos, dos ônibus, das terras e formar um governo nosso através de conselhos populares. São os operários e o povo pobre que devem governar e nós estaremos juntos deixando as P.As vazias engrossar o caldo da revolução socialista que o Brasil precisa!