Ato no Rio de Janeiro durante o 15M
Foto Agência Brasil

Dia internacional de luta contra as injustiças da Copa contou com manifestações em todo o país

Quase um ano após junho e a menos de um mês do início dos jogos, o dia internacional de luta contra as injustiças da Copa mostrou que segue a disposição de luta dos trabalhadores e da juventude. Manifestações, cortes de estradas e greves deram o tom do 15M em todo o país. No centro das reivindicações: moradia, transporte, saúde e educação, contra os bilhões gastos com as empreiteiras para a Copa.

Além de expressar a revolta da população contra os gastos da Copa, o dia de mobilizações integrou as diversas categorias em luta. O dia de mobilizações foi integrado ao calendário definido pelo Espaço Unidade de Ação, da qual a CSP-Conlutas faz parte, e que realizou o encontro “Na Copa vai ter Luta” em março.


Foto Sérgio Koei

São Paulo
Em São Paulo, o 15M começou cedo com uma assembleia dos metroviários do setor da manutenção e uma passeata pelas ruas do centro logo de madrugada. De manhã bem cedo, as famílias da Ocupação Esperança, de Osasco, organizadas pelo movimento Luta Popular, bloquearam a Rodovia Anhanguera, importante via industrial do estado, com pneus e faixas, exigindo moradia digna.

Os metalúrgicos paralisaram 15 fábricas e realizaram um ato na Zona Norte da cidade. Os professores municipais em greve também realizaram uma manifestação que reuniu mais de 10 mil pessoas. A greve dos professores se enfrenta com a prefeitura de Fernando Haddad (PT) e exige não só reajuste, mas ampliação do número de vagas, redução do número de alunos por sala de aula, entre outras medidas em defesa da educação pública no município.

No final do dia, um grande ato unificado tomou a Avenida Paulista reunindo algo como 5 mil pessoas. Meia hora após o início do protesto, a Tropa de Choque da Polícia Militar investiu com violência contra o protesto, com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Vários ficaram feridos, incluindo jornalista. Uma mulher que sequer fazia parte da manifestação foi atingida por uma bala de borracha no rosto.

Rio de Janeiro
Cerca de 3 mil pessoas saíram da Central do Brasil e fizeram uma passeata pela Avenida Presidente Vargas até a frente da prefeitura do Rio. Os manifestantes exigiam mais investimentos em saúde, educação e habitação e questionaram os gastos públicos com a Copa. Participaram várias categorias em luta, como as redes estadual e municipal de educação do Rio, os servidores públicos federais, entre outras.

Assim como em São Paulo e em outras cidades do Brasil, o dia começou agitado na capital carioca. Mais de mil profissionais de educação das redes municipal e estadual que estão em uma greve unificada por melhores salários e condições de ensino realizaram uma assembleia no Club Municipal, na Tijuca, subúrbio do Rio, onde decidiram pela continuidade da greve.

A tarde foi a vez dos rodoviários, que em uma rápida assembléia, avaliaram o movimento que parou a cidade por 48 horas nos dias 13 e 14 de maio, e decidiram realizar uma nova assembleia na próxima terça-feira, 20 de maio, onde podem decidir por novas paralisações, desta vez com a adesão de rodoviários de outras cidades da região metropolitana.

No final da tarde, ocorreu a concentração das entidades e movimentos que convocaram o 15M em frente a Central do Brasil e, apesar do forte aparato de repressão, os manifestantes dialogaram com a população que transitava pelo local retornando do trabalho. Depois, cerca de 3 mil pessoas iniciaram uma passeata pela Avenida Presidente Vargas em direção à prefeitura da cidade.

Pará
Em Belém, um protesto unificado reuniu mais de 1500 pessoas, entre estudantes e ativistas do movimento popular. Na capital paraense, o protesto ocorreu também contra o aumento das passagens do transporte público. Antes do ato, a ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre) realizou um ato na Universidade Federal do Pará e um “catracaço”, pulando as roletas do ônibus em protesto contra o aumento.

Alagoas
Em Maceió, aconteceram atos e mobilizações desde cedo contra as injustiças da Copa. Às 6 horas da manhã já se podia ver a movimentação na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Estudantes, a Assembleia Nacional de Estudantes – Livre (ANEL) e o DCE UFAL Quilombo dos Palmares, junto aos servidores técnicos, promoveram um “trancaço” na entrada da Universidade. Este ação somou-se ao ato “Negocia, Dilma”, do Sindicato dos trabalhadores da UFAL (SINTUFAL). Os servidores estão em greve desde o dia 17 de março, e tentam negociação com o governo federal, que se recusa a atendê-lo.

Na Copa vai ter luta!
O dia de mobilizações mostrou a revolta da população contra as injustiças da Copa, as remoções forçadas e os bilhões gastos com o evento. Também serviu como um passo na unificação dessas lutas com as diversas categorias em greve ou mobilizadas em todo o país, que lutam contra o descaso com os serviços públicos e a corrosão dos salários causada pela inflação.

O governo Dilma, além de não atender as reivindicações, desdenhou dos protestos, classificando-o como um “fracasso”.  “Se foi sincera em sua declaração, a presidenta apenas mostra que não está entendendo nada do que acontece no país”, critica Zé Maria, presidente nacional do PSTU e pré-candidato à República. “O descontentamento dos trabalhadores, da juventude, do povo pobre nas periferias das grandes cidades está crescendo a olhos vistos, vamos ter mais luta até a Copa; e depois dela também” afirma.

Com informações dos núcleos de comunicação do PSTU-SP, PSTU-Rio, PSTU-Pará, PSTU-Alagoas